Em 2009 acontece a primeira Feira do Milho, que seria “mais uma” feira agrícola em Portugal. Só quem não conheça o Peu Torres e o Manel Paim poderá ter pensado que seria “apenas mais uma”. Os dois homens ousaram, e a Feira do Milho de 2009 tornou-se na Agroglobal de 2021. Hoje, os dois homens passaram o testemunho da organização daquela que se tornou A Feira.
A Agroglobal nasceu numa época terrivelmente difícil para a agricultura nacional, no rescaldo do mandato de Jaime Silva como Ministro da Agricultura (era ainda ministro em setembro de 2009). O testemunho é passado também numa época excecionalmente complexa, naquele que se espera que seja um tempo de rescaldo da pandemia. Entre estes dois momentos, graças à visão e à ousadia de dois homens (e, certamente, de enormes equipas por detrás deles), os agricultores portugueses puderam celebrar 12 anos de um evento que se transformou num enorme motivo de orgulho. E, por isso, os agricultores portugueses estão profundamente gratos ao Peu Torres e ao Manel Paim.
Entre os muitos papéis que a Agroglobal desempenhou até à data, um deles foi o de permitir que todos nós, enquanto setor (mas também enquanto sociedade), tivéssemos da Agricultura uma visão que pensávamos não ser possível e que nos encheu de orgulho. Tínhamos, finalmente, um “salão nobre” para onde podíamos convocar a sociedade civil. Esta sociedade, que tinha de nós uma visão miserabilista, pode finalmente ver e sentir uma agricultura moderna, empenhada, inovadora e produtiva. Uma agricultura que alimenta os povos. O lema, praticamente desde o início, descreve bem o que ali se encontrava: “Nós semeamos!”. Tão simples, mas tão cheio de significado.
E todos, com enorme orgulho e gratidão, fomos vendo a Agroglobal crescer. De edição para edição aumentava o número de culturas em demonstração, aumentava a área de exposição, o número de expositores e a sua variedade. De edição para edição era necessário criar mais um espaço para debates: um auditório, dois auditórios, diversos auditórios (quatro? cinco?…).
A Agroglobal procurou sempre mostrar os dois momentos da agricultura: o momento do que se faz hoje (sim, nós semeamos hoje!) e o momento do que se espera fazer amanhã. Isso mesmo foi sempre bem visível nos equipamentos e tecnologias em demonstração: lá estavam as máquinas e alfaias que todos usávamos, bem como as tecnologias que apenas alguns ousavam já ter experimentado. Sim, amanhã continuaremos a semear!
A Agroglobal não deixou ninguém para trás. O Peu e o Manel, sempre tiveram essa preocupação: organizações que tinham que estar na feira, porque lá faziam falta, não deixavam de estar por motivos económicos. A isto se chama também ousar.
A Agroglobal nunca cedeu ao facilitismo: era durante a semana e em horário de trabalho, porque era uma feira profissional, dos agricultores e para os agricultores. Não era uma feira de passeio, nem uma boa maneira de passar uma noite de copos.
A Agroglobal sempre foi uma feira que quis também mostrar “ao resto da sociedade” o nosso setor. A todos aqueles que organizaram colóquios e seminários, o Peu e o Manel pediram sempre o mesmo: tragam quem sabe dos assuntos, mas tragam também gente de fora, tragam comentadores que falem de nós e nos mostrem nos jornais, na rádio e na televisão. Tragam os políticos, para que eles sintam o pulsar do setor e oiçam os nossos clamores. E assim foi feito.
A Agroglobal tem sido isto e muito mais. O testemunho foi passado e, estamos certos, a Agroglobal fará o seu caminho, para o qual todos tentaremos contribuir. Mas hoje cumpre homenagear e agradecer aos dois homens que ousaram.
Obrigado, Peu. Obrigado Manel. Bem hajam pela vossa ousadia.